Road Trip
Volto agora de umas férias pelo Sul da Califórnia. Saí de San Francisco rumo ao vale de Santa Bárbara. Os planos passavam pela total enebriação! O guia? O filme 'Sideways'. Decidimos beber... muito. Em estilo. Bom vinho... Dos melhores da Califórnia. Não desiludiram. Continuando para Sul passámos por LA. Nada a declarar. Ficámos em casa do Ruben, um amigo de amigos. Fomos com ele ver as vistas de Mulholland Drive. As luzes em linhas rectas que se cruzam e definem a baixa e as letras na colina sobre Hollywood. Depois fomos ao cinema nos estúdios da Universal. 3D, lágrimas e aplausos! Depois de passarmos pela praia de Malibu (zona balnear encéfalo-chique) seguimos até San Diego, com passagem por La Jolla. Bom ambiente jovem. Miradouro do Cabrilho, Pacific Beach no 4 de Julho e Balboa Parque. 4 de Julho. Todos saem para a praia. Muitas bandeiras. Muito alcool... Basicamente... Muito fogo de artifício, num país assim. A viagem prossegue. Rumo a Vegas, aproveitando a embalagem dos artifícios. Pelo caminho, paragem na Peggy Sue, diner à beira da estrada. 50s style. Chegámos de noite. Feira Popular gigante. Neon City. As pessoas nos casinos dividem-se entre gente com dinheiro para gastar, que o gasta sem remorsos, e os outros, que procuram alegria momentânea numa vida sem sentido. Um oriental, num campeonato de poker, gastava Franklins como quem come pevides. Uma mulher elegante solta expressões de euforia com o ouvir do tilintar das moedas que jorram de uma slot, para depois olhar em redor e, na ausência de companhia para a alegria, voltar ao triste pressionar repetitivo de um botão iluminado. Ninguém é feliz. Adeus Vegas. Rumo ao Grand Canyon. Levam-se expectativas. É inevitável. Não defrauda. Grande vista vasta. Imponente! Descemos. O destino era o rio Colorado que corre fino lá no fundo. Não devíamos descer e subir no mesmo dia, avisaram-nos. Por causa do calor. Estava fresco e decidimos arriscar. Descemos. Víamos longe nuvens tornar-se chuva e a chuva a inundar um vale. Descíamos. Depois outro vale era regado. Descíamos. A chuva mais perto. Decidimos voltar. A chuva aproxima-se. Já molha este desfiladeiro aqui. Apressamos o passo. Quase a chegar ao carro a chuva chega a nós. Ensopados mas contentes. Tentámos. Talvez numa próxima. Fomos secar para Sul, pelas estradas rectas do Arizona. A route 66 passa por ali. Terminámos na cratera deixada por um meteorito. Enorme buraco. Voltámos a tempo de ver o céu escurecer por entre imensos planos rochosos. O contraste vai diminuindo até todos se fundirem numa massa negra. Acima só estrelas. Acordar cedo. Voltar. O sol vai aparecer ali. O primeiro raio ilumina uma encosta. Depois outra. O Canyon vai-se revelando numa sucessão de planos. Uns mais distantes, outros menos. Um conjunto que faz uma grande vista. Vasta! Iniciando o percurso no sentido de casa, rumamos ao Death Valley. Ouvem-se os Sonic Youth no calor. Subimos e vimos a vista de Dante. Aqui a ausência de expectativas saiu a nosso favor. Uma imensidão deserta combatendo um deserto interior. Um mar de sal abaixo do nivel do mar. Um ar que queima. Corpos que aquecem. Guio-nos para fora dali. Estrada interminável. Dunas de areia. E heis que subimos. E heis que vem a chuva. Fria. Saímos para a chuva. Fria. Boa. E assim se acaba a viagem. Bem. Depois só estrada. Luzes que se aproximam e afastam e nos guiam a casa. San Francisco recebe-nos fria. Boa.
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